Agro Brasileiro em 2025: Motor da Economia Enfrenta Ventos Contrários e Cobra Políticas de Estado
Agro Brasileiro em 2025: Motor da Economia Enfrenta Ventos Contrários e Cobra Políticas de Estado


O cenário macroeconômico de 2025 no Brasil foi profundamente marcado pela força e resiliência do agronegócio. Em coletiva realizada nesta terça-feira (9), dirigentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) destacaram o setor como o grande pilar de sustentação do crescimento do PIB e do controle da inflação em um ano repleto de incertezas globais. No entanto, os números robustos escondem pressões severas sobre as margens dos produtores e desafios estruturais que exigem ações urgentes.

O Celeiro que Alimentou a Economia

Dados apresentados pela CNA atestam a contribuição decisiva do agro. O Valor Bruto da Produção (VBP) do setor deve atingir R$ 1,49 trilhão em 2025, um salto de 11,9% em relação a 2024. Esse desempenho foi o principal fator para evitar um cenário econômico mais deteriorado, conforme análise publicada em relatórios econômicos especializados, como os divulgados pela Forbes. O diretor técnico da entidade, Bruno Lucchi, foi categórico: “Graças ao agro, a inflação de alimentos este ano ficou dentro da meta”, destacando o papel fundamental do setor na estabilidade dos preços ao consumidor.

expectativa para 2026 segue otimista, com o VBP projetado para alcançar a marca histórica de R$ 1,6 trilhão, um crescimento de 5,1%. Esse avanço será impulsionado pelo segmento agrícola, que deve crescer 6,6%, totalizando R$ 1,04 trilhão, conforme projeções oficiais divulgadas pelo G1. A pecuária, especialmente a bovinocultura de corte, também apresenta perspectivas positivas de expansão.

Alertas Vermelhos: Seguro, Endividamento e Risco Climático

Por trás dos trilhões, no entanto, cresce uma vulnerabilidade preocupante. A pressão sobre os custos de produção, com fertilizantes subindo quase 20%, e a valorização do real frente ao dólar comprimiram as margens de lucro. O cenário foi agravado por eventos climáticos adversos, que levaram a um aumento explosivo da inadimplência no crédito rural.

“Tínhamos 3,5% de inadimplência em outubro de 2024; em outubro deste ano estamos com 11,4%, o maior valor da série histórica”, alertou Bruno Lucchi. Este dado, amplamente repercutido em análises do mercado financeiro, evidencia a necessidade de medidas de gestão de risco. O presidente da CNA, João Martins, comparou a situação à lógica do seguro automotivo: “A agricultura é uma atividade de alto risco… Nós temos problemas climáticos em regiões que nunca tivemos antes”.

colapso do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em 2025, que cobriu menos de 5% da área agricultável do país, é apontado como um dos nós centrais. A CNA defende uma reestruturação urgente do programa, argumentando que é mais barato para o governo subsidiar seguros do que arcar com as consequências de desastres generalizados.

O Desafio Externo: Barreiras e Oportunidades no Comércio Global

A arena internacional apresenta um quadro ambíguo para 2026. Por um lado, a aplicação de tarifas adicionais pelos Estados Unidos já causou uma queda de 37,85% nas exportações brasileiras para aquele país entre agosto e novembro. A diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, projetou: “Se a lista de exceção não mudar, nós estamos projetando um impacto negativo em 2026 de 2,7 bilhões de dólares”.

Por outro lado, mercados como China e União Europeia ampliaram suas compras. No entanto, uma nuvem de incerteza paira sobre as exportações de carne bovina para os chineses, com uma decisão sobre salvaguardas prevista para janeiro. Paralelamente, a negociação de um acordo com a Índia surge como uma promissora oportunidade de diversificação, dada a dinâmica populacional e de renda do mercado indiano.

Uma Agenda para o Futuro: Políticas de Estado para Além dos Mandatos

A mensagem final dos dirigentes da CNA é clara: o agro superou expectativas em 2025, mas não pode seguir carregando sozinho os riscos sistêmicos. É imperativo que o poder público implemente políticas estruturantes e perenes. “O agro não se faz de um ano para o outro; precisamos de políticas de Estado”, concluiu Bruno Lucchi.

Essa agenda passa necessariamente por:

  1. Reestruturação robusta do seguro rural, garantindo previsibilidade ao produtor.
  2. Instrumentos de gestão de risco que atravessem governos e safras.
  3. Cuidados com o ajuste fiscal para que ele não estrangule o crédito destinado ao campo, essencial para a manutenção da produtividade e competitividade, temas frequentemente abordados em debates sobre desenvolvimento econômico sustentável.

O setor que alimenta o Brasil e o mundo provou, mais uma vez, sua capacidade de gerar riqueza e estabilidade. Agora, a bola está com os formuladores de políticas públicas para criar as condições que permitam ao agro não apenas crescer, mas prosperar de forma mais segura e sustentável, consolidando seu papel como a maior alavanca de desenvolvimento nacional. Para acompanhar mais análises e notícias sobre o desenvolvimento regional impulsionado pelo agronegócio, visite o portal de notícias Dnorte.

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